Crítica de arte sobre este artista
Vigor do grafismo.
A transparência da água e o vigor do traço realizam um encontro feliz na obra plástica de Ana de Andrade. Se, por um
lado, a artista se deixa levar pelas características intrínsecas do papel, com suas rugosidades, da tinta e do fluir do traço;
por outro, é no nervosismo e no potencial do grafismo que ela encontra uma jornada diferenciadora. Existe nos trabalhos
que Ana realiza o desenvolver de uma percepção do espaço muito associada a visões áreas de plantas arquitetônicas e,
principalmente, ao olhar dos muros das metrópoles. Há nas aquarelas uma livre interpretação desse universo urbano, que
se distingue, acima de tudo, por um caos aparente regido por uma ordem misteriosa.
Um dos principais méritos das obras que Ana produz se dá justamente na maneira como ela cria a sua visualidade, muitas
vezes com manifestações que parecem engenhocas a devorar o que está ao seu redor. De fato, elas acabam por estimular
em cada um uma espécie de poder divino, que sempre empurra para o mais além. Trata-se muito menos de misticismo e
muito mais de um processo de indagações sobre o que se vê. Ana de Andrade interpreta a técnica da aquarela e o seu
diálogo com o mundo gráfico sob uma concepção pessoal e intuitiva, onde o fazer livremente supera o planejamento do
pensar. O resultado seduz e interroga à primeira vista.
Oscar D’Ambrosio integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil). É doutor em Educação,
Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie e mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp.
Sobre este artista
Natural de Cajuru, São Paulo, cursou Desenho de Moda no Centro Nobel de Artes e, paralelo, fez Corte e Costura,
Modelagem Industrial e Alta Costura. Em 2000, cursou na Panamericama de Artes, Design de Interiores e, trabalhou até
2010, fazendo projetos e desenhando móveis. Depois de 2010, mergulhou nas Artes Plásticas. É aquarelista, além de
transitar pelo acrílico, colagens, entre outros. Junto com as Artes Plásticas, escreve crônicas e poemas sobre o seu
trabalho. Para relaxar, grafita lonas e faz desenhos digitais. Sob influência do Desenho de Moda cria digitalmente, rostos
de garotas bem humoradas, projeto esse que tem como título: Garotas do Face/Série Selfie.
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